Relatório é apreciado em sessão com apenas quatro parlamentares e provoca revolta em deputados ligados à CBF, que queriam modificações; texto segue para o Plenário
O clima ficou quente na manhã desta quinta-feira na comissão mista responsável por analisar a MP do Futebol no Congresso Nacional. Em uma reunião polêmica, o presidente, senador Sérgio Petecão (PSD-AC), realizou a votação com apenas quatro parlamentares presentes e, em poucos minutos, aprovou a íntegra do relatório do deputado Otávio Leite (PSDB-RJ). Deputados ligados à CBF, que pretendiam apresentar destaques (mecanismo usado para retirar trechos do texto por votação), chegaram depois do encerramento da sessão e se revoltaram, promovendo um caloroso debate. Irredutível, o presidente determinou o encaminhamento do relatório para o Plenário da Câmara, onde deve ser apreciado na próxima semana.
Após ter a votação adiada na última quarta por causa de sessão da Câmara, a comissão mista voltou a se reunir nesta quinta. O encontro estava marcado para às 9h (de Brasília). Foi dado um período de tolerância de cerca de 15 minutos antes do início, e compareceram apenas o presidente Petecão, o relator Otávio Leite, o senado Antônio Anastasia (PSDB-MG) e o deputado Evandro Roman (PSD-PR). Havia 11 destaques na mesa, apresentados ainda na quarta-feira. Anastasia ainda tentou colocar outros três, mas foram recusados por estarem fora do prazo de debates.
Com a ausência dos autores dos destaques, eles não foram colocados em apreciação. Petecão então abriu a votação do relatório na íntegra. Nenhum dos presentes se posicionou contrário e o texto foi aprovado. Mesmo com apenas quarto parlamentares presentes, a votação foi considerada legal porque o quórum estava mantido desde o dia 16 de junho, quando a reunião sofreu o primeiro de três adiamentos consecutivos.
Logo após a aprovação, parlamentares responsáveis pelos destaques começaram a chegar, como os deputados Marcelo Aro (PHS-MG) e Vicente Cândido (PT-SP), ambos membros da atual diretoria da CBF. Primeiramente, eles tentaram reabrir a reunião, o que foi rejeitado pelo presidente. Depois, a tentativa foi de impugnar a votação, pedindo verificação de quórum - para contagem oficial dos presentes. Como a sessão já havia sido encerrada, o mecanismo foi considerado inválido pelo presidente, o que gerou muitas críticas dos deputados.
Saiba mais:
Após aprovação polêmica, deputados ligados ao futebol usam tribuna para protestar
Entenda o relatório da MP do Futebol ponto a ponto
Confira a íntegra do relatório aprovado nesta quinta-feira
Após aprovação polêmica, deputados ligados ao futebol usam tribuna para protestar
Entenda o relatório da MP do Futebol ponto a ponto
Confira a íntegra do relatório aprovado nesta quinta-feira
- Durante todo o processo de discussão da MP, nós conversamos, dialogamos, fizemos tudo a várias mãos. Abrir uma comissão e votar tudo em menos de um minuto? Quando iniciou a reunião, não dava tempo nem de chegar do gabinete até aqui. Com todo o respeito que tenho por vossa excelência, não foi justo o que fizeram aqui. A partir de agora, entraremos em um grande imbróglio nesta Casa em relação a esse projeto. Mas há vida depois de amanhã. Vossa excelência e o relator terminaram essa comissão da pior maneira possível - protestou Marcelo Aro, atual diretor de ética e transparência da CBF e ligado ao Atlético-MG.
- Ontem (quarta), no almoço, combinamos que não tiraríamos algumas coisas, mas que outras seriam colocadas em votação no destaque. Aqui estão alguns destaques assinados por mim e por outros deputados, e essa rapidez nesse momento não privilegia a relação. Não dá para votar com plenário vazio. A gente conhece a Casa, sabe como é. Funcionamos ontem até meia-noite e meia. O relator poderia ter esperado um pouco mais para fazer o debate. Era o princípio do razoável esperar mais gente. Quero registrar meu descontentamento. É mais uma quebra de acordo na política que prejudica as relações - completou Vicente Cândido, diretor de assuntos internacionais da CBF.
O presidente da comissão e o relator da MP se defenderam das acusações dos deputados. Segundo Petecão, apenas foram cumpridos os regulamentos do Congresso Nacional.
O presidente da comissão e o relator da MP se defenderam das acusações dos deputados. Segundo Petecão, apenas foram cumpridos os regulamentos do Congresso Nacional.
- Não fizemos manobra. Cumprimos o que está no regimento da Casa, para que a medida depois não seja desmoralizada. Queriam fazer manobra, nós que não permitimos manobra. Não estamos aqui para atender a interesse de nenhum grupo. Quem assumiu compromisso para vir defender interesse, teria que estar nos horários regimentares - disse o senador.
- O presidente seguiu rigorosamente o que estava estabelecido no regimento. Houve uma tolerância razoável. Ao apresentar matéria, não estando presente o autor, ela é rejeitada. Os destaques não foram apreciados, o que não significa que estão sepultados. Ultrapassamos a fase de comissão. Agora, as discussões seguem para o Plenário. Apenas houve um passo a mais no processo de tramitação, que a rigor tem que ser concluído até o dia 17 de julho. Do contrário, a MP caduca (perde a validade) - completou o deputado Otávio Leite.
O texto aguarda agora votação no Plenário da Câmara, onde estará sujeito a modificações e retirada de trechos por meio de votações em destaque. Se aprovado, terá que passar ainda pelo Plenário do Senado. Caso o trâmite não seja concluído até o dia 17 de julho, a MP perde a validade.
- O presidente seguiu rigorosamente o que estava estabelecido no regimento. Houve uma tolerância razoável. Ao apresentar matéria, não estando presente o autor, ela é rejeitada. Os destaques não foram apreciados, o que não significa que estão sepultados. Ultrapassamos a fase de comissão. Agora, as discussões seguem para o Plenário. Apenas houve um passo a mais no processo de tramitação, que a rigor tem que ser concluído até o dia 17 de julho. Do contrário, a MP caduca (perde a validade) - completou o deputado Otávio Leite.
O texto aguarda agora votação no Plenário da Câmara, onde estará sujeito a modificações e retirada de trechos por meio de votações em destaque. Se aprovado, terá que passar ainda pelo Plenário do Senado. Caso o trâmite não seja concluído até o dia 17 de julho, a MP perde a validade.
ANDRÉS LAMENTA POLÊMICA; BOM SENSO COMEMORA APROVAÇÃO
Para Sanchez, polêmica prejudica a MP e os clubes (Foto: Geraldo Magela / Agência Senado)
Vice-presidente da comissão mista, o deputado Andrés Sanchez (PT-SP), que também não chegou a tempo da votação, lamentou a polêmica reunião. Segundo ele, havia um acordo para aprovação do relatório, que agora corre o risco de não se sustentar no Plenário da Câmara, o que prejudicaria os clubes.
- Achei que não deveriam ter feito isso. Estava tudo acertado para aprovar, entendo que poderiam ter esperado um pouco mais. Mas quem chegou atrasado, como eu, tem que entender. Agora o pessoal lá, a turma da bola, está com raiva. Vamos esperar para ver o que vai acontecer no Plenário. Prejudica bastante e, mais uma vez, quem vai pagar um preço alto são os clubes - disse Andrés.
- Achei que não deveriam ter feito isso. Estava tudo acertado para aprovar, entendo que poderiam ter esperado um pouco mais. Mas quem chegou atrasado, como eu, tem que entender. Agora o pessoal lá, a turma da bola, está com raiva. Vamos esperar para ver o que vai acontecer no Plenário. Prejudica bastante e, mais uma vez, quem vai pagar um preço alto são os clubes - disse Andrés.
Representantes do Bom Senso F.C. que estavam em Brasília comemoraram a aprovação na íntegra do relatório do deputado Otávio Leite na comissão. Para o diretor-executivo do movimento, Ricardo Borges, será importante levar as discussões para o Plenário, onde a opinião pública pode ter um peso maior. Ele ainda acusou a CBF de articular para derrubar a MP.
- Na verdade, a MP chegou no Congresso há mais de 90 dias e ainda não tínhamos saído da primeira fase. Foram quatro reuniões adiadas por falta de quórum. Foi marcada então mais uma e não vieram. Depois, dois deputados que são contratados, diretores da CBF, vieram tentar tumultuar a sessão. Acredito que as discussões em que a opinião pública tem peso devem ocorrer no Plenário. É um momento importante para o Brasil, de forma geral, principalmente considerando os escândalos da CBF e da Fifa. O relatório está bom, e os destaques podem ser discutidos no Plenário... Demorou demais (para aprovar na comissão). Estamos a 20 dias de a MP caducar, e você vê que existe uma tentativa orquestrada há muito tempo de tentar implodir a MP. Por parte de quem a gente já sabe quem é - disparou o executivo do Bom Senso.
DESTAQUES TOCAM EM CONTRAPARTIDAS A CLUBES E CBF
Entre os 11 destaques apresentados, dez foram apresentados por deputados ligados ao futebol. Além de Marcelo Aro e Vicente Cândido, assinam os requerimentos os deputados Jovair Arantes (PTB-GO), presidente do conselho deliberativo do Atlético-GO, e Rogério Marinho (PSDB-RN).
São tentativa de retirada de itens do texto como a exigência de Certidões Negativas de Débitos (CNDs) para participação de campeonatos, a de limitação de gastos com a folha do futebol em 70% do orçamento, a inelegibilidade de dirigentes que praticarem gestão temerária, a limitação de mandatos de dirigentes e o artigo que transforma a seleção brasileira em patrimônio cultural, o que abriria brecha para o Ministério Público investigar a CBF.
Apesar de não apreciados na comissão, os destaques ainda podem ser apresentados no Plenário da Câmara. No caso, cada sugestão de retirada seria votada separadamente.
Apesar de não apreciados na comissão, os destaques ainda podem ser apresentados no Plenário da Câmara. No caso, cada sugestão de retirada seria votada separadamente.
globo.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário