domingo, 23 de outubro de 2016

O futebol e sua ingratidão

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por Matheus Antunes


rogerio-ceni
Recentemente tem crescido os boatos de que Rogério Ceni, o eterno capitão tricolor poderia assumir o posto de treinador do seu clube de coração, o São Paulo, em 2017. O presidente Leco, fã do ex-goleiro já se demonstrou a favor da ideia e inclusive empolgado com a mesma, apesar de hoje o clube ter como treinador Ricardo Gomes, que também não vive lá ótima fase. Rogério que se aposentara no fim do ano passado, tem visto com bons olhos retornar ao mundo futebolístico como treinador, não a toa tem investido seu tempo de “aposentado” em cursos, viagens a Europa, inclusive conhecendo métodos de treinamento, visitou o atual campeão inglês, Claudio Ranieri no Leicester, Bilic no West Ham, Antonio Conte no Chelsea e outros clubes ingleses, agora pretende estagiar com o argentino Jorge Sampaoli e o espanhol Luis Enrique, técnicos de Sevilla e Barcelona, respectivamente. Mas a dúvida que ronda o mundo futebolístico por agora é, será que Rogério já está preparado para assumir tamanho desafio? Ou melhor, vale a pena arriscar logo de cara? O futebol ingrato que é, mostra que é perigoso…
Exemplos dessa situação que Ceni se enquadra atualmente não faltam, sejam estes positivos ou negativos, por exemplo: Zinédine Zidane hoje é sinônimo de sucesso no Real Madrid, antológico como jogador e ícone merengue, o craque francês assumiu o clube espanhol no meio da temporada passada e logo de cara já faturou a Champions League, mas antes adquiriu boa experiência treinando os times juvenis do Real. Outro exemplo histórico é o do eterno e revolucionário Johan Cruyff, que dois anos após encerrar sua carreira como jogador, implantou seu sistema de “Futebol Total” no Ajax e Barcelona, onde hoje há uma era “Pré Cruyff” e “Pós Cruyff” e que ficará eternizado na história do clube catalão. Em terras tupiniquins o exemplo é tão vencedor quanto, o “Velho Lobo”, Mario Jorge Lobo Zagallo. Após carreira vencedora como jogador, aventurou-se como treinador logo após e já chegou conquistando títulos pelo Botafogo e na sequencia comando ou o Esquadrão Canarinho do Tri Mundial, no México em 70. Mas não é só de exemplos que vive essa relação ídolo/treinador, Falcão eterno ídolo do Internacional, foi tido como um treinador “quebra galho” pelo clube do qual fez história, Fernandão passou o mesmo no clube gaúcho. Júnior, o “capacete” também foi visto assim pelo Flamengo, além de Inzaghi e Seedorf que passaram maus bocados no Milan.
Essa ingratidão se dá pelo imediatismo que o futebol atual impõe, esse imediatismo exagerado de resultados, onde não se avalia filosofias e trabalhos acaba fazendo com que torcedores e mídia acabem minando e simplesmente esquecendo das belas histórias que estes atletas construíram ao longo de sua carreira. Zico, o eterno craque do Flamengo e referencia no futebol mundial, já disse diversas vezes que por conta desse fenômeno de imediatismo e ingratidão jamais pretende treinar o seu clube de coração, até aventurou-se como dirigente mas a trajetória foi triste, acabou sendo jogado aos leões e assumindo responsabilidades que não eram suas. Por essas e outras é que vos falo e falaria diretamente ao eterno capitão: Rogério, não assuma essa bronca. Não agora. Não se deixe enganar, não se deixe levar pela sede de conquistas, já conquistou muita coisa na carreira. Estude mais, se aprimore. Ainda há muito tempo pela frente e tenho certeza que nesse tempo também se tornará um “M1TO” como treinador.

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