quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Benfica-Marítimo, 6-0 (crónica)

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O murro na mesa de Rui Vitória na véspera parece ter feito eco na equipa que esta quarta-feira embalou para uma vitória tranquila, com uma goleada ao Marítimo (6-0), a maior da Liga, a par da vitória, também do Benfica, sobre o Belenenses. Uma vitória que teve as suas bases ainda na primeira parte, com três golos de rajada, a resultarem da inspiração de um super- Pizzi, que marcou os dois primeiros e ainda esteve no terceiro e no sexto, mas também de Carcela que esta noite estreou-se como titular na liga a render o lesionado Gaitán com a melhor exibição desde que chegou à Luz. Na segunda parte, a goleada ganhou maior expressão com duas grandes penalidades convertidas por Jonas e ainda um golo de Talisca que marcou no primeiro lance depois de entrar em campo. Um resultado que permite ao Benfica encher a barriga (41 golos!) e colocar ainda mais pressão sobre FC Porto e Sporting que, a esta hora, ainda jogam. 


  
O jogo começou com um revés para o Marítimo. Salin, na primeira vez que tocou na bola, lesionou-se e teve de ceder o lugar ao barbudo do José Sá. Do que se livrou Salin. Nesta altura o Benfica, com um futebol paciente, já tinha amarrado o Marítimo ao seu meio-campo, com uma pressão alta, com a linha defensiva acampada sobre a linha do meio-campo, a obrigar os madeirenses a cometer muitos erros. Jonas teve perto de marcar, num livre direto, e Jiménez, lançado pelo brasileiro, desperdiçou uma oportunidade flagrante diante de José Sá. Carcela, sobre a direita, e Pizzi, sobre a esquerda, procuravam alargar o jogo e abrir espaços na bem fechada defesa madeirense. 
  
O golo do Benfica parecia iminente, mas o Marítimo ainda reagiu, subiu as suas linhas, abriu o jogo e provocou dois calafrios na Luz. Primeiro depois de um grande trabalho de Edgar Costa que transportou a bola até ao interior da área e soltou-a para o remate de Dyego Sousa. Valeu ao Benfica a defesa de Júlio César. Logo a seguir foi Marega a destacar-se sobre a direita e a cruzar tenso para o corte, in extermis, de Lisandro López, com a bola ainda a passar diante da baliza de Júlio César sem ninguém aparecer para o toque final. 

Agora com Pizzi ao volante 
  
Dois sinais que não colocaram o Benfica em sentido, pelo contrário, a equipa de Rui Vitória, agora com muito mais espaço pela frente, aproveitou para carregar no acelerador e matar o jogo com três golos de rajada. Os dois primeiros com forte marca de Carcela e finalização autoritária de Pizzi. No primeiro, o extremo belga, nesta altura já na esquerda, cruzou tenso. Raul ainda cortou, mas a bola sobrou para Pizzi que encheu o pé. Sem tempo para respirar, bola ao centro e novo golo do Benfica, outra vez com Carcela no início da jogada, a soltar Jiménez que cruzou tenso. José Sá ainda desviou, mas Pizzi estava outra vez no sítio certo e não perdoou. Bola ao centro e outra vez golo. Desta vez foi Pizzi que começou a jogada, com uma grande abertura para o remate de Jonas. José Sá ainda defendeu, mas Jiménez fez de Pizzi e atirou a contar. 

Seis minutos e três golos. Num ápice estava tudo resolvido na Luz, até porque o Marítimo, até ao intervalo, não voltou a ameaçar as redes de Júlio César. 

A segunda parte começou com um ritmo mais sereno, mas com um Benfica mandão, com mais bola e a tentar fixar o jogo junto à área do Marítimo. Se havia dúvidas quanto ao resultado, duas grandes penalidades separadas por três minutos, logo a abrir a segunda parte, permitiram a Jonas «bisar» e matar definitivamente o jogo. Faltas que não merecem repetições em câmara lenta, tão evidentes que foram. 

Mas ainda havia mais. Na dança das substituições, Talisca também fez o gosto ao pé, mais uma vez com Pizzi na jogada, com um remate do meio da rua a fixar o resultado em 6-0. O brasileiro, diga-se, tinha acabado de entrar em campo e, ao terceiro toque na bola, levantou o estádio. 
  
Uma goleada dos antigas a deixar claro que o Benfica está decidido a prosseguir na luta pelo «tri». 


Benfica-Marítimo, 6-0 (destaques)


A FIGURA: Pizzi, um «maestro» goleador 

Tem sido o elemento mais regular do Benfica nos últimos jogos, o mais esclarecido, o que tenta pensar os ataques e o que, simultaneamente com Renato e Jonas, dá qualidade ao jogo encarnado. Com o Marítimo foi isso tudo e foi também o marcador de serviço. Marcou dois golos semelhantes, após dois cruzamentos da esquerda, ora de Carcela ora de Jiménez. No primeiro contou com o desvio de Briguel, o segundo foi «limpinho, limpinho». 
Logo depois de bisar, lançou Jonas na esquerda, num lance que terminaria com o terceiro golo do Benfica. No início da segunda parte voltou a estar no lance que daria o 4-0, ao fazer o cruzamento que deu origem ao penálti. No sexto golo deu a bola a Talisca que faturou. Esteve em cinco dos seis golos dos encarnados. Está em grande forma! 

Leia a CRÓNICA do Benfica-Marítimo (6-0) 

O MOMENTO: o primeiro golo de Pizzi 
O 1-0 desbloqueou o jogo e a partir daí o Benfica embalou para uma goleada. Aos 29 minutos, Pizzi inaugurou o marcador, num remate que desviou em Briguel, após cruzamento de Carcela da esquerda. Até este golo o jogo permanecia equilibrado e nada fazia prever este desfecho, aliás o Marítimo podia ter-se colocado em vantagem. 

NEGATIVO: a defensiva do Marítimo. Nunca se encontrou nem conseguiu anular os avançados encarnados. Muito espaço entre linhas e muita dificuldade em anular os lances em velocidade de Carcela, que desposicionavam quase todos os homens dos «insulares». Quatro dos seis lances dos golos surgiram pelo lado direito da sua defesa. Muita descordenação entre João Diogo e Deyvison e pouca ajuda de Marega. Noite para esquecer! 

OUTROS DESTAQUES: 

Carcela 
Primeira vez a titular e que grande jogo que fez. Cada arrancada era um lance de perigo e a sua velocidade deu cabo de João Diogo. Cruzou para o primeiro golo, ganhou o penálti para o quinto e esteve em quase todos os lances de perigo encarnados. Justificou a opção e deu algo ao Benfica que quase ninguém deu nos últimos jogos: repentismo e qualidade no um-para-um. Gosta de arriscar e ganha quase todos os lances individuais. Tem que melhorar o aspeto defensivo. 

Jonas 
Com Gaitán de fora é o jogador com mais qualidade dos encarnados e voltou a dar aos adeptos vários momentos de classe. Num deles até isolou Pizzi de calcanhar, mas José Sá antecipou-se. A jogar entre linhas, foi um quebra-cabeças para a defensiva «insular» que nunca o conseguiu parar. Foi o primeiro a ameaçar a baliza do Marítimo de livre e o terceiro golo resultou de um remate seu, que Jiménez encostou na recarga. No início da segunda parte bisou de penálti e depois saiu para a ovação e descanso. 

Jiménez 
O mexicano não para um segundo, tem uma capacidade de trabalho enorme, mas quando tem a bola é um bocado trapalhão. Grande mobilidade e capacidade de desmarcação, que pôs em água a cabeça dos defesas maritimistas. Realizou um bom jogo e aumentou a sua conta pessoal, mas podia ter feito mais golos. Com 0-0 teve a grande oportunidade do encontro: isolou-se, entrou na área e quase dentro da pequena-área conseguiu acertar em José Sá. Depois fez o cruzamento para o segundo golo e marcou o terceiro. Está ainda no lance do penálti que originou o quarto golo, ao «pentear» para o companheiro de ataque, e aos 75 minutos, novamente isolado, fez um chapéu que saiu muito alto. Bom jogo, mas com muito desperdício! 

Renato Sanches 
Mesmo sem brilhantismo e sem os golos de outros jogos, Renato Sanches voltou a estar muito bem. O médio está em todo lado. É incansável a defender e o primeiro a querer a bola para atacar. Começa as jogadas e ainda tem tempo de ir à linha para cruzar. Hoje só não conseguiu ensaiar nenhum remate. Perto do intervalo isolou-se pela direita e quase assistiu Jiménez, mas José Sá meteu-se pelo meio. É daqueles jogadores que raramente fará maus jogos. Saiu a 20 minutos do fim para descansar. 

Jardel 
A realizar o jogo 100 pelas «águias» voltou a estar ao seu nível, depois de um jogo menos conseguido em Guimarães. Imperial a comandar a defesa, teve apenas um deslize que o parceiro Lisandro resolveu. Na segunda parte limpou dois lances de perigo iminente.Teve tempo ainda para sair a jogar e na primeira parte quase assistiu Jonas, naquele que seria, na altura, o 4-0. 

Talisca 
Entrou aos 68 e nem um minuto depois de ter entrado em campo, marcou. Com muito espaço à entrada da área, o brasileiro ajeitou e atirou a contar, sem hipótese para José Sá. Esforçou-se por mostrar serviço e ainda tentou o segundo golo de livre. 

Marega 
Foi o mais perigoso do ataque maritimista na primeira parte mas com o aumentar do marcador apagou-se e saiu à passagem dos 67 minutos. Antes da meia-hora fez um cruzamento muito perigoso que Lisandro evitou e aos 38 minutos teve perto de marcar, com um remate cruzado, do lado direito. 

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