quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

FC Porto-Rio Ave, 1-1 (crónica)

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A Força abandonou o Dragão


Como pode ser?». Julen Lopetegui deixou a pergunta no ar, a seguir ao golo do Rio Ave, e a resposta só pode perturbar todo o reino azul e branco. Como pode ser? Não pode, ponto final. Um clube desta estirpe não pode falhar consecutivamente em pontos proibidos. 

Mais um empate, o Sporting lá longe, a quatro pontos de distância. 

Na verdade, por estes dias, a Força não mora nos jogadores deste FC Porto. Abandonou-os. Não há um Yoda a pensar o jogo com serenidade, não há um Obi Wan Kenobi com lucidez para indicar o caminho, não há sequer alguém com a coragem de Luke Skywalker, herói e desafiador. 

Falhanço embaraçoso contra o Rio Ave, equipa na bruma, mergulhada nas trevas e entregue ao Darth Vader do País Basco. Julen Lopetegui é a máscara negra, robótica, incapaz de gerar empatia e liderar a equipa para o lado luminoso do campeonato. 



Em Setúbal, o Sporting faz seis golos; na Luz, o Benfica marca seis também; no Dragão, o FC Porto cede contra um Rio Ave limitadíssimo da cabeça aos pés. Basta dizer que Pedro Martins fez duas estreias absolutas na Liga – Kizito e Zé Paulo – e entregou pela primeira vez a titularidade a Pedrinho e Krovinovic. 

O FC Porto desperdiçou tudo. A tal limitação do adversário, a vantagem no marcador conseguida cedo – e com sorte, pois o remate de Herrera desvia em Kizito e trai Cássio – e o apoio praticamente unânime saído das bancadas. 

É certo que o Rio Ave fez um golo exatamente da mesma maneira – por João Novais, desvio em Danilo -, mas por essa altura já o FC Porto jogava mal, para trás e para os lados, a respirar em pânico e a não saber muito bem o que fazer com a bola. 



Por falar em apoio, regressemos ao tema: as palmas e os cânticos soaram ridículos, quase sempre. Foi como se o dragão tivesse o lábio borratado de bâton, as roupas em desalinho e todos os amigos dissessem que ele está ótimo, de boa saúde, física e psiquiátrica.     

Neste caso concreto, o FC Porto não está. Os corpos dos jogadores marcham frios, as sensações térmicas são polares, a qualidade de jogo atinge o Grau Zero da qualidade. Há incompetência e, pior do que isso, há descrença.   

O divórcio entre treinador e adeptos é total Arriscamo-nos mesmo a dizer que é irreparável. 

Mas Lopetegui, se sobreviver a mais esta etapa feia da sua passagem pelo Dragão, voltará a dizer que tudo não passa de uma mentira criativa da comunicação social e que a sua equipa respira vida e qualidade. 

OS DESTAQUES: ainda assim, Maxi Pereira 

Podia o FC Porto ter vencido? Podia, claro. Mas há momentos definidores e o Maisfutebol recupera dois deles: aos 31 minutos, a ganhar por 1-0, a equipa roda, roda, roda e volta a rodar a bola, na zona do meio campo, até Marcano a receber no pé esquerdo e lançar Brahimi. Mal, para fora; aos 78 minutos, Brahimi vê André Silva a isolar-se, mas opta por jogar atrasado, para Aboubakar. Depois, sim, o camaronês lança o colega ponta-de-lança, já com o Rio Ave recomposto. Bola nas mãos de Cássio. Nulidade. 

É triste o futebol desta equipa. Falta-lhe quase tudo. 

Julen Lopetegui está há um ano e meio no clube: evolução? Zero. O FC Porto tem piorado consecutivamente, até atingir agora o pior ponto. 

«Como pode ser?». Não pode, senhor Darth Vader do Dragão. Simplesmente, não pode. 



FC Porto-Rio Ave, 1-1 (destaques)


Maxi remou contra a maré, João Novais fez desabar a confiança portista


A figura 
Maxi Pereira: Numa equipa azul e branca quase sem ideias e que se perdeu após o golo do Rio Ave, o defesa consegui manter a sua identidade e remaar contra a maré. Bem a fechar na defesa e muito dinâmico nas transições ofensivas, teve ainda alguns remates que não passaram longe da baliza de Cássio. Wakaso negou-lhe um golo quase certo já na segunda parte. 
  
O momento 
34 minutos, golo de João Novais: Numa altura em que o FC Porto dominava o jogo e que estava a vencer por 1-0, a equipa do Rio Ave começou a subir no terreno, aproveitando a alguma fragilidade defensiva azul e branca. Depois de dois avisos, João Novais, num remate de muito longe, viu a bola desviar em Danilo Pereira e fazer o empate. O FC Porto da primeira meia hora de jogo desapareceu e não mais se viu. 
  
Negativo 
Danilo Pereira: Não esteve nos seus dias... mas também não tem estado ultimamente. Muitos passes errados, lento a subir e mais ainda quando era necessário a reforçar a defesa. Ainda acaba por estar ligado ao golo do Rio Ave, já que é nele que a bola desvia após o remate de João Novais. 
  
Outros destaques 
  
Herrera: Aproveitou um alívio mal feito da defesa rioavista para um remate à entrada da área que, após um desvio, abriu o marcador, colocando o FC Porto em vantagem. Além do golo, pouco mais digno de nota. 
  
André André: Tentou, tentou e não desistiu, apesar de as coisas nem sempre lhe saírem bem. Longe das exibições do início da época, mas sempre com a atitude aguerrida, fez a bola rondar por várias vezes a baliza de Cássio algumas vezes. 
  
Corona e Brahimi: Alguns períodos de boas movimentações, a romper pela defesa rioavista e com cruzamentos precisos para a área, mas faltava quem lhes desse seguimento. 
  
João Novais: Apanhou-se solto de frente para baliza, e resolveu arriscar o remate de longe, conseguindo, com ajuda de um desvio, o golo que fez o empate e abalou a equipa portista. 
  
Krovinovic: Foi o mais rematador dos riavistas, tentando a sorte, quer na área, quer com remates de muito longe. Acabou por não conseguir fazer o gosto ao pé, mas não foi por falta de tentativas. 
  
Cássio: Foi essencial para segurar o empate. Muito seguro, mesmo quando a pressão portista apertou mais. Sem culpa no golo, e a aparecer exímio nas bolas paradas. 
  
Zé Paulo: Entrou bem no jogo, a conseguir criar alguns lances de muito perigo junto da baliza de Casillas. 

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