Nosso homenageado de hoje sofreu pela incompetência e o descaso daqueles que se ocultam nos bastidores de seus gabinetes, abreviando ou mesmo podando o caminho de verdadeiros talentos do mundo da bola.
O goleiro foi dispensado da Seleção Brasileira sem receber uma única satisfação, depois de disputar alguns compromissos pelas eliminatórias da Copa do México em 1969.
Quando precisou deixar o Corinthians em 1970, Lula tomou uma verdadeira “canseira” dos diregentes envolvidos naquela transação. Sem alternativas, precisou manter sua forma física nos treinamentos enquanto aguardava uma notícia concreta.
Lula era uma das estrelas do Náutico naqueles anos sessenta, quando o “Timbu” mandou no futebol pernambucano (Hexacampeão estadual no período compreendido entre os anos de 1963 e 1968).
O Náutico chegou ao honroso vice-campeonato da Taça Brasil de 1967, quando fez o forte Palmeiras suar lágrimas de sacrifício para levar o título para o Parque Antártica.
O time era tão bom que seus craques ficaram conhecidos como “Os intocáveis”. E não era para menos, contando com jogadores como Gernan, Salomão, Coronel, Bita, Lalá, Elói, Nado e Rinaldo, o Náutico contou com uma das melhores safras da história do clube.
Como todo grande time começa por um grande goleiro, aquela fase de ouro do Náutico se deve muito ao desempenho do goleiro que mais tarde ficou conhecido como “Lula Monstrinho”.
Luís dos Santos Costa nasceu em Maceió (AL), no dia 16 de janeiro de 1942. No final dos anos cinqüenta, suas defesas milagrosas já eram conhecidas jogando pelo modesto time alagoano do Ourícuri.
Contratado pelo CSA (Centro Sportivo Alagoano) em 1960, Lula não permaneceu por muito tempo. No final do ano de 1961 seu destino já estava desenhado com sua transferência junto ao Clube Náutico Capibaribe.
Lula escreveu capítulos de glória quando segurou os dois grandes times de Minas Gerais durante a disputa da Taça Brasil de 1967. O Cruzeiro, que havia surpreendido o poderoso Santos em 1966, não contava com os milagres do goleiro alagoano.
A performance do jovem guarda metas logo despertou o interesse das grandes equipes do eixo Rio São Paulo. Dessa forma, o Corinthians pagou o preço e foi buscá-lo em 1968.
Lula chegou ao Parque São Jorge com status de um dos melhores goleiros do país, tanto que defendeu o Brasil nas eliminatórias para o mundial de 1970.
Mas algumas contusões pontuais foram determinantes em sua trajetória e Lula não foi para o México. Na verdade, em depoimento concedido para a revista Placar, Lula disse que só recebeu notícias sobre sua dispensa da seleção através dos jornais e revistas da época.
Com o crescimento do gaúcho Diogo e a chegada do jovem catarinense Ado, Lula não conseguiu mais reencontrar seu caminho no time mosqueteiro.
Começou então uma verdadeira novela pelos direitos federativos do goleiro envolvendo o Náutico e também o Sport Recife. Foram dias de espera e muita incerteza!
Defendendo o Corinthians, Lula realizou ótimas partidas e também tinha tudo para dar certo. Jogando pelo alvinegro do Parque São Jorge no período compreendido entre 1968 e 1970, o goleiro realizou 59 partidas e sofreu 60 gols.
Os números foram publicados pelo reconhecido Almanaque do Corinthians, de autoria de Celso Dario Unzelte.
Em fins de 1969, dois clubes pernambucanos travaram uma verdadeira disputa pelo passe do goleiro da Seleção Brasileira. O Náutico alegava possuir um documento assinado por Idel Aronis, diretor de futebol do Corinthians, cedendo Lula por empréstimo.
O Sport Recife por sua vez, dizia ter em mãos um documento assinado pelo mesmo diretor, fixando o passe do guarda metas em 370.000 cruzeiros em troca do ponta de lança Duda.
O Corinthians, no entanto, não reconhecia nenhum dos documentos acima mencionados. Assim, Lula seguia treinando enquanto essa pendência jurídica não era resolvida.
Finalmente, em 1970, o goleiro deixou a cidade de São Paulo (com o passe ainda preso ao Corinthians) e foi defender o Sport Recife.
O acerto final aconteceu em razão de manobras de bastidores do diretor do Sport Recife, Rubem Moreira, junto aos homens da federação pernambucana e da C.B.D.
Lula jogou pelo Sport Recife e depois retornou ao Náutico para disputar o campeonato de 1972. Decepcionado com os rumos de sua carreira, Lula deixou o futebol profissional e raramente voltou para debaixo das traves, mesmo nos encontros entre amigos.
Não foram encontrados registros que apontem se Lula defendeu outras equipes no futebol nordestino, ou ainda, se encerrou sua carreira após retornar ao Náutico. Lula faleceu em 26 de dezembro de 2014, aos 72 anos de idade, vítima de câncer na garganta.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Franklin Campos), revista do Esporte, revista Veja, site do Milton Neves,nauticonet.com.br, robertoblogdo.blogspot.com.br,campeoesdofutebol.com.br, scratchcorinthiano.blogspot.com.br,albumefigurinhas.no.comunidades.net, Almanaque do Corinthians – Celso Dario Unzelte.
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