quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Santa Cruz 2015: Grafite e Marcelo Martelotte colocam Tricolor na Série A após 10 anos

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Na retrospectiva 2015 , veja como o ano do Tricolor do Arruda, que tinha todos os motivos para ser desastroso, se transformou em uma arrancada histórica que recolocou os pernambucanos na elite do futebol brasileiro.


O torcedor mais apaixonado e mais otimista do Santa Cruz talvez não esperasse um ano tão movimentado. Momentos de glória, outros de apuros e uma festa considerada imprevisível meses antes. O ano de 2015 para o Tricolor do Arruda parecia não ter grandes objetivos, exceto uma boa campanha estadual e um nacional com tranquilidade.
Não foi assim. A meta no Campeonato Pernambucano foi cumprida e o time voltou a imperar no estado. Em cenário nacional, tudo parecia desesperador. Até que a troca de comando técnico e o retorno de um jogador após uma década longe mudaram o panorama da equipe do Arruda. Depois de começar o Brasileiro com muita oscilação e uma campanha preocupante, o veterano centroavante Grafite e o treinador Marcelo Martelotte retornaram ao Santa Cruz para iniciarem uma arrancada impressionante. De um possível rebaixamento à ascensão inesperada. Ao fim da temporada, o Tricolor do Arruda retorna à Série A.
Neste resumo das atividades profissionais no ano de 2015 do Santa Cruz,  contamos os principais momentos corais na temporada. Veja como foi o primeiro semestre tricolor, o início ruim de Brasileiro e o acesso garantido em novembro.
Em Pernambuco, 28º título
Após um tricampeonato estadual (2011-2012-2013), a campanha do Santa Cruz no Campeonato Pernambucano 2014 tinha sido aquém da expectativa do torcedor, ansioso por um tetracampeonato. No entanto, o quarto lugar deixou a equipe fora das outras competições possíveis do primeiro semestre, como Copa do Nordeste e Copa do Brasil. Por isso, foco no principal torneio do estado.
técnico Ricardinho foi contratado pelo presidente eleito no final da temporada passada, Alírio Moraes. O projeto era construir, no Pernambucano, um time pronto para encarar a Série B com tranquilidade. Pela colocação conquistada na edição anterior, o Santa Cruz entrou na segunda fase do campeonato, chamada de hexagonal do título, e lutou pela taça contra Sport, Náutico, Central de Caruaru, Salgueiro e Serra Talhada.
Nesta fase, todos se enfrentaram em jogos de ida e volta. O Sport foi soberano e conquistou a primeira colocação com muita vantagem. O Santa somou 14 pontos em 10 jogos, ficou na terceira posição. Nasemifinal, o adversário foi o Central. E o Tricolor do Arruda foi impiedoso, com um placar agregado de 6 a 0.
Na decisão, o surpreendente Salgueiro. A equipe sertaneja fez um jogo duro, parelho, lutou até o fim. Depois do empate sem gols na primeira partida, o Santinha venceu por 1 a 0, com gol de Anderson Aquino, aos 24 minutos do segundo tempo. Festa dos 46.370 presentes no Mundão do Arruda. O Santa retomava a hegemonia em Pernambuco e ia embalado para a disputa da Série B.
Brasileiro: campanha irregular, Ricardinho fora, Santa na degola
Com a conquista do 28º título estadual de sua história, o Santa Cruz começava a sonhar alto. Traçar um bom desempenho nas primeiras rodadas para ganhar estabilidade e começar a galgar alvos ainda maiores no Campeonato Brasileiro da Série B. Mas a estratégia foi por água abaixo e os resultados deram um choque de realidade aos pernambucanos: se queriam fazer uma boa campanha, teriam que se esforçar ainda mais para atingir o feito.
Nos primeiros sete jogos do Brasileirão, uma vitória, dois empates e quatro derrotas. Um dos piores jogos da equipe no ano foi a goleada sofrida na terceira rodada, contra o América-MG. Com um primeiro tempo extremamente avassalador, o Coelho aplicou uma goleada sonora de 4 a 1, todos os gols marcados na etapa inicial.
A situação ficou insustentável para o técnico Ricardinho após o empate por 1 a 1 contra o Boa Esporte, que viria a ser uma das piores equipes do torneio. Pouco mais de um mês depois de conquistar o título pernambucano, o treinador foi demitido em comum acordo. Segundo a diretoria coral, as coisas não andavam bem e o projeto não dava mais certo, por isso a decisão foi tomada.
A solução foi trazer Marcelo Martelotte. O treinador conquistou o Campeonato Pernambucano em 2013 e aceitou proposta do arquirrival Sport e deixou o Santa no momento em que o Tricolor se planejava para a disputa da Série C naquele ano. O fato de conhecer o ambiente do Arruda e ter uma conquista, embora muito tenha sido modificado em dois anos.
As voltas de Martelotte e Grafite: Santa na Série A
Levou tempo para o trabalho de Martelotte decolar. O time estava na zona de rebaixamento, o fantasma da Série C parecia rondar o Arruda e deixar os torcedores preocupados. Mas, aos poucos, o velho/novo treinador coral tentava organizar a equipe, aparar as arestas, corrigir os erros. Até que o time contratou um reforço mais que importante.
O atacante Grafite retornava ao Santa Cruz após 14 anos. No início da carreira, o centroavante ficou marcado no quotidiano das conversas dos torcedores. Após uma longa temporada no futebol europeu, nas Arábias e na Seleção Brasileira durante a Copa do Mundo FIFA 2010, Grafite estava de volta a um dos primeiros clubes de sua longa carreira no futebol.
Após regularizar todas as pendências contratuais, o jogador fez sua reestreia com a camisa do Santa Cruz no Arruda. Na 17ª rodada do Campeonato Brasileiro da Série B, em duelo contra o Botafogo, o Tricolor venceu por 1 a 0, com gol de Grafite, aos seis minutos do segundo tempo. Esse era o momento de decolar. E a campanha no segundo turno foi de encher os olhos.
O time que chegou na metade do primeiro turno a estar no 18º lugar, na zona de rebaixamento, construiu resultados positivos, subiu, começou a chamar a atenção e não parou mais. Até que foram disputados três jogos importantes na reta final do Campeonato colocaram o Santa na elite do futebol brasileiro após 10 anos.
Era um confronto importantíssimo. 34ª rodada da Série B, Arena Fonte Nova, Salvador/BA. Bahia e Santa Cruz mediam forças em um tradicional clássico de tricolores nordestinos. Ambos os times brigavam por uma vaga no acesso. Eram as últimas cartadas baianas para retornar à Série A. O time da Boa Terra abriu o marcador e fez a festa de sua torcida. No entanto, Danny Morais e Bruno Moraesviraram o jogo para a equipe do Arruda. A vitória de virada sacramentou o Santa no G-4.
O acesso parecia ser um sonho cada vez mais real. Na 36ª rodada, o Tricolor do Arruda enfrentou o Botafogo, que acabara de garantir o seu retorno para a Primeira Divisão. Festa botafoguense no Rio de Janeiro? Poderia até ser, mas o Santa Cruz não entrou no clima festivo e montou sua própria comemoração ao vencer fora de casa por 3 a 0 o líder da competição, com gols marcados por Grafite,Bruno Moraes e Lelê. O acesso estava a um passo de distância.
E o sonho que parecia improvável no segundo semestre se concretizou. No jogo seguinte, um rebaixado Mogi Mirim em Itu, cidade do interior paulista que recebeu apenas torcida do Santa Cruz espalhada por diversos locais do estado de São Paulo e de outros pontos do Brasil. Com gols de Bruno MoraesBileu Daniel Costa, o Tricolor do Arruda venceu novamente por 3 a 0 e fez a festa que tomou conta de Recife no dia seguinte, no retorno da delegação coral à capital pernambucana.
Ao fim das contas, a segunda colocação em uma campanha irreparável. Acesso conquistado com méritos graças a 20 vitórias em 38 jogos. A troca do comando técnico feita pela diretoria em um momento crucial para as pretensões do Santa Cruz deu resultado. O time retornou à elite brasileira após 10 anos. Agora, com mais verbas financeiras e maior visibilidade, o Santa tenta fazer uma temporada com êxitos e ter um ano de 2016 tão feliz para todos os adeptos corais quanto o final de 2015.

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