Silvio Lassalvia foi a maior das lendas a nascer nos Afitos. Perguntado sobre o melhor time que já enfrentou, Pelé incluiu o Náutico de Bita entre eles
Alguns jogadores fazem sua fama pelo conjunto da obra. Outros são abençoados por um dia de glória. Em 1962, o Clube Náutico Capibaribe andava cortando gastos. O técnico Alexandre Borges formou então uma equipe de base com seus garotos-revelação. Entre os garotos estava Silvio Tasso Lasalvia, nascido em Olinda no dia 11 de agosto de 1942.
Marcou seu primeiro gol contra o São Raimundo no dia 23 de janeiro de 1962. No dia 15 de abril, fez sete nos 9 x 0 sobre o CSA. Estava no sangue. Seu irmão, Nado, já brilhava no mesmo time. No seu segundo ano de Náutico, Bita foi campeão pernambucano. Repetiu a dose em 1964, 1965, 1966, 1967 e 1968: hexacampeão. Seu tiro era certeiro. Surgia o Homem do Rifle, uma série de faroeste para TV da época.
A noite que imortalizou Bita foi uma fria quarta-feira, 17 de novembro de 1966. O Náutico foi para São Paulo enfrentar o Santos de Pelé na segunda semifnal pela Taça Brasil.
O alvirrubro chegou com poucas esperanças. O Santos tinha vencido por 2 x 0 em Recife. Bastava empatar. O juiz apitou. Um minuto depois, Bita marcava o primeiro. O Peixe empatou aos 12 com Toninho. Pouco antes de o primeiro tempo acabar, o Náutico marcou o segundo. Gol de Bita. Pelé e companhia foram de cabeça quente para o vestiário.
No segundo tempo, tudo indicava um massacre santista. Aos 4 minutos, gol. Do Náutico. Bita: 3 x 1. O Santos reagiu com o mesmo Toninho aos 19: 3 x 2.
A esperança santista durou 1 minuto. Aos 20 estava 4 x 2 para o Náutico, gol de Miruca. O Santos deu nova saída, a bola chegou em Pelé, que mandou para Toninho: 4 x 3. Aí o Náutico administrou o melhor time do mundo. Mas a 4 minutos do fm do jogo, falta contra o Santos. Bita cobra: 5 x 3 para o Náutico. A edição seguinte do Diário da Noite resumiu tudo: “Nunca o goleiro Gylmar, do Santos, havia levado mais de três gols de um só jogador em uma partida. Ontem, só Bita fez quatro!” O Timbu depois perdeu o jogo-desempate por 4 x 1, no Pacaembu. Bita, autor do único gol alvirrubro nesse jogo, já tinha feito história. Quando perguntado quais os melhores times que tinha enfrentado, Pelé respondeu: “O Cruzeiro de Tostão, o Palmeiras de Ademir da Guia e o Náutico de Bita”.
Bita somou 221 gols pelo Náutico em 295 jogos. Até hoje é o maior artilheiro da história do time vermelho e branco. Encerrou sua carreira com apenas dez anos de atividade e os dois joelhos lesados. Despediu-se recebendo o troféu Belfort Duarte, por jamais ter sido expulso.
Bita arriscou vários caminhos. Tentou faculdade, não deu certo. Vendeu medicamentos, depois virou assessor de uma empresa no Recife. E de repente soube que estava com câncer. O Homem do Rife morreu no Recife em 27 de outubro de 1992. Tinha apenas 50 anos de idade.
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