quinta-feira, 30 de abril de 2015

É “dia do Índio”: um bate-papo com o árbitro da final do Carioca-2015

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A foto é de divulgação
Em um evento sobre futebol, tive a oportunidade de bater um papo com o árbitro Luis Antonio Silva Santos. A conversa foi em outubro de 2013, em um raro momento de ausência de “censura” sobre os árbitros (que são impedidos de dar entrevistas durante as competições).  Por circunstâncias jornalísticas, o conteúdo permaneceu “na gaveta” até hoje, dia do primeiro jogo da final do Carioca-2015, quando Índio vai mediar Botafogo e Vasco. Apesar da distância de aproximadamente um ano e meio entre a conversa e esse post, as perguntas seguem atuais e obtiveram respostas contundentes do árbitro sobre o contexto da categoria e como enxergam a arbitragem. Vale a pena conferir, para entender o que passa na cabeça de um dos nomes mais conhecidos da arbitragem carioca (para o bem e para o mal, vide a “cornetada” de Fred).
Calendário
O calendário é bem apertado para jogadores e arbitragem. Eu sou da área de educação física e trabalho na minha programação de treinamento. Esse período de dezembro é de férias, mas não é bom para férias, porque, por causa das festas, há um relaxamento, serve para desacelerar. E aí já chega janeiro, no começo, até entrar no nível de competição, demora. Não é de uma hora para outra. Então, somos obrigados a manter o treinamento. É desumano. Não é recomendado ter durante 12 meses um nível de treinamento alto. Dezembro é o mês que eu mais treino.
Cobrança
O árbitro não tem prerrogativa nenhuma. É o único que tem que estar sempre preparado. O jogador, se ele perde o gol, pode dizer que está entrando em ritmo. O árbitro não. Ele já tem que estar o tempo todo em nível de excelência física, técnica e emocional. É o único que não pode errar.
Árbitros conversam sobre calendário?
Sempre comentamos, por estarmos envolvidos. Mas aí entra a questão da profissionalização. Se fôssemos profissionais, a cobrança seria a mesma que é hoje, mas teríamos mais tempos para treinar, se preparar. E não temos. Observamos que o jogador pode usar desculpa por estar começando a pré-temporada, mas o árbitro não.
Profissionalização
Desde que eu iniciei a carreira, falam sobre a profissionalização da arbitragem. Sou totalmente a favor. É o único em um universo em que todos são profissionais que não tem a profissionalização. Ele é o mais cobrado e o mais exigido e não é profissional. É um paradoxo. Como vai cobrar isso de um cara que tem que trabalhar o dia inteiro? No meu caso, eu começo às 6h e vou até às 20h. Acho que os árbitros deveriam ter sido profissionalizados há muito tempo.
E o que falta?
O projeto já foi para Brasília, não passou e está parado. Acho que falta vontade política de todos. Políticos, entidades, CBF, Fifa, sindicatos, para que isso ganhe força. É interessante para agregar valor à competição. A minha ideia é que comece isso pelos que fazem parte do quadro da Fifa. Eles não são os “caras”? Que comece com eles e os outros vão ter que entender. Mas a questão disso tudo é saber quem vai pagar a conta. De cara, é complicado definir quem vai pagar os 300 árbitros da Federação ou os 400 da CBF. Mas que comece pelos Fifa e se divida isso. Dando condições de trabalho e treinamento é que a cobrança vai poder ser feita.
Função da arbitragem
O árbitro é o mais importante, que me perdoem jogadores e dirigentes. Todos se importam e se preocupam com ele. Não dão valor, mas se preocupam. Mas aí o árbitro não é profissional. Olha a incoerência! O árbitro é espinha dorsal de qualquer competição, até em casados x solteiros. Tem que ter um chato e o esse cara chato é o árbitro.
Punições
O curioso é que o árbitro erra e é encostado. Falam que vai reciclar, mas ele é lata ou papelão? Vai fazer o que? Treinar. Mas a prática se dá no jogo. Fazer o teórico não adianta. Você avalia o árbitro é na prática, quando ele vai entender a regra e aplicá-la.
Preparação
No Rio, houve um salto na frente. Tem concentração, pré-temporada, comissão de ensino que avalia o árbitro desde o juvenil e infantil. O Barcelona, por exemplo, joga igual no sub-17 e no profissional. O árbitro também tem que apitar igual nas categorias inferiores para se preparar quando chegar lá na frente. Mas para isso, a profissionalização teria que vir. Não cabe mais o árbitro amador.
Exposição
Hoje em dia, com a internet, não precisa ir na Polícia Federal para saber o que você faz e quem é você. O árbitro não tem que se esconder, é uma pessoa pública. Essa coisa de não poder falar com dirigente, ir a eventos… Pera ai! É um marginal?
Coloca a mão no fogo pela arbitragem?
Coloco por mim. Cada um sabe o que pode e o que não pode.
Nota para arbitragem
Dou 10. Porque com todos esses problemas, com tanta gente contra, ainda consegue apitar em bom nível. A cada ano, os árbitros deveriam ganhar um troféu para os árbitros por ter suportado mais uma temporada.
Igor Siqueira








CBF vai manter limite de crianças na entrada dos times e execução do Hino na Série A-2015

A CBF convocou representantes dos clubes para uma reunião na terça-feira que vai apresentar o protocolo de organização das partidas do Brasileirão. O convite foi direcionado aos funcionários responsáveis diretamente pelo “Match day”, usando a linguagem da Fifa.
Vão ocorrer ajustes finos no planejamento executado em 2014. Além disso, é certo é que estão mantidas algumas questões, como a limitação de crianças na entrada dos times e a obrigatoriedade da execução do Hino Nacional Brasileiro.
As federações estaduais e as emissoras detentoras do direito de transmissão da competição também vão participar do seminário.

Igor Siqueira

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