BATISTUTA
Nascimento: 1º de Fevereiro de 1969, em Reconquista, Argentina.
Posição: Atacante
Clubes: Newell´s Old Boys-ARG (1988-1989), River Plate-ARG (1989-1990), Boca Juniors-ARG (1990-1991), Fiorentina-ITA (1991-2000), Roma-ITA (2000-2002), Internazionale-ITA (2003) e Al-Arabi Doha-CAT (2003-2005).
Principais títulos por clubes: 1 Campeonato Argentino (1987-1988) pelo Newell´s Old Boys.
1 Campeonato Argentino (1989-1990) pelo River Plate.
1 Copa da Itália (1995-1996), 1 Supercopa da Itália (1996) e 1 Campeonato Italiano da Série B (1993-1994) pela Fiorentina.
1 Campeonato Italiano (2000-2001) e 1 Supercopa da Itália (2001) pela Roma.
1 Campeonato Catari (2004) pelo Al-Arabi Doha.
Principais títulos por seleção: 2 Copas América (1991 e 1993) e 1 Copa das Confederações (1992) pela Argentina.
Principais títulos individuais e artilharias:
Artilheiro da Copa América: 1991 (6 gols) e 1995 (4 gols)
Artilheiro do Campeonato Italiano: 1994-1995 (26 gols)
Artilheiro da Copa da Itália: 1995-1996 (8 gols)
Chuteira de Bronze da Copa do Mundo da FIFA: 1994 (4 gols)
Chuteira de Prata da Copa do Mundo da FIFA: 1998 (5 gols)
Melhor Jogador Estrangeiro do Ano na Serie A: 1999
3o Melhor Jogador do Mundo da FIFA: 1999
Artilheiro da Liga do Catar: 2004
Chuteira de Ouro da Liga do Catar: 2004
Melhor Jogador Argentino do Ano: 1998
Maior Artilheiro da História da Fiorentina na Serie A: 152 gols
Segundo Maior Artilheiro da História da Fiorentina: 207 gols em 332 jogos no total
Maior Artilheiro da História da Seleção da Argentina: 56 gols em 78 jogos
FIFA 100: 2004
“El Batigol”
A década de 90 foi recheada de atacantes que brilharam nos mais variados campeonatos e copas. Mas, se formos listar apenas cinco ou três dos melhores daqueles anos, um deles seria com certeza o argentino Gabriel Omar Batistuta, o “Batigol”, o “El Ángel Gabriel”, maior artilheiro da história da seleção argentina e um dos maiores ídolos da Fiorentina e do futebol mundial. Habilidoso, ágil, preciso com as duas pernas e um chutador nato, o craque foi um dos últimos atacantes efetivos e decisivos que o futebol já viu, daqueles que se podia contar nos momentos mais difíceis ou decisivos. Considerado individualista por muitos, Batigol respondia aos críticos com muitos gols e atuações brilhantes, que misturavam brilhantismo e a característica raça argentina. Conquistou poucos títulos na carreira pelo fato de não atuar em grandes potências do futebol europeu quando esteve no velho continente. Ele preferiu ser leal à camisa violeta da Fiorentina, onde jogou de 1991 até 2000 e ajudou a equipe em momentos árduos, como o rebaixamento para a segunda divisão, e nos felizes, nos títulos da Copa da Itália e da Supercopa. Seu grande título foi em 2001 – o Campeonato Italiano – com a camisa da Roma. Pela seleção, o Batigol lamentou profundamente não ter conquistado uma Copa do Mundo, mesmo tendo atuações brilhantes e marcado muitos gols, incluindo dois hat tricks. É hora de relembrar a carreira de um dos mais icônicos e famosos atacantes da história.
Do basquete ao futebol
Ao contrário de muitos craques, Gabriel Batistuta começou a jogar basquete, e não futebol, na adolescência antes de partir para outros campos. O jovem decidiu abandonar a bola pesada por conta da baixa estatura para o esporte e partiu para os gramados, onde seu 1,85m era uma altura de respeito. Rapidamente ele mostrou muito talento e vocação para o gol e seu brilho despertou o interesse do Newell´s Old Boys, que levou o jovem para vestir a camisa rubro-negra do clube argentino. Com 19 anos, Batistuta já estreava na equipe titular e logo mostraria para a torcida suas qualidades: precisão nos chutes e nas cabeçadas, agilidade e força. O jovem atacante começou a anotar vários gols e conquistou o Campeonato Argentino de 1987-1988 com o Newell´s que ficou marcado por contar apenas com jogadores provenientes das categorias de base. No mesmo ano de 1988, Batistuta disputou uma decisão de Libertadores contra o Nacional-URU. No primeiro jogo, em Rosário-ARG, vitória argentina por 1 a 0. Na volta, porém, o time de Batigol não foi páreo para os mais de 75 mil torcedores do Centenário e perdeu por 3 a 0. Já campeão e com uma experiência internacional marcante, mesmo que com derrota, o jogador já começava a escrever sua história e a despertar o interesse de grandes clubes do país. Sua saída de Rosário era apenas uma questão de tempo.
Atuando nos dois gigantes de Buenos Aires
Em 1989, Batistuta foi contratado pelo gigante River Plate-ARG e debutou na Liguilla pre-Libertadores, torneio que dava ao vencedor uma vaga na competição continental. O craque chegou já marcando gol contra o San Lorenzo e dando ao River o título do pequeno torneio, causando uma ótima impressão na torcida. Porém, a alegria durou pouco por conta da chegada do novo técnico da equipe, Daniel Passarella, que se tornaria um notório inimigo de Batistuta no futebol. Mesmo passando grande parte da temporada no banco, Batistuta foi mais uma vez campeão nacional, mas sem participar muito da campanha. Renegado e sem espaço, o jogador não pestanejou quando o Boca Juniors quis contratá-lo. E foi para o time azul e ouro que o atacante mudou-se já em 1990.
Na temporada 1990-1991 se iniciaram os torneios Apertura e Clausura no futebol argentino, mas ainda sem o cunho de nacionais, pois os “campeões” de cada um fariam a final para ver quem seria o verdadeiro campeão argentino. O Boca teve uma péssima campanha no Apertura e demitiu o técnico Carlos Aimar, trazendo o uruguaio Óscar Tabárez para o lugar. Com o novo treinador, Batistuta deu liga e começou a anotar gols importantes, como os dois na vitória por 2 a 0 sobre o River no Clausura de 1991.
O Batigol queria descontar a raiva por não ter tido as oportunidades desejadas na equipe de Nuñez e anotou mais dois gols no River em outro Superclássico, dessa vez pela Copa Libertadores de 1991, na primeira fase da competição, em que o Boca avançou e eliminou o rival. A equipe argentina conseguiu alcançar as semifinais da competição eliminando o Corinthians-BRA nas oitavas de final (com Batistuta marcando dois gols no primeiro jogo, vencido por 3 a 1), e o Flamengo-BRA nas quartas (com Batistuta marcando gol nos dois jogos, ambos de pênalti), mas osxeneizes sucumbiram diante do futuro campeão, o Colo-Colo (CHI), num duelo cheio de polêmicas e brigas que ficou conhecido como “A Batalha de Santiago”, repleta de catimba, brigas e discussões. Eliminado da Libertadores, o Boca se concentrou no Clausura do Argentino e conseguiu ficar com o “título”, com Batistuta marcando 11 gols. Na verdadeira final do campeonato, contra seu ex-clube – o Newell´s – os rubro-negros levaram a melhor e conquistaram o título nacional nos pênaltis, beneficiados pelo fato de Batistuta estar defendendo a seleção argentina na Copa América. Ali, terminaria a chance de Batistuta ser campeão pelo Boca. Seu futuro seria o futebol italiano.
Passaporte para a Itália e sucesso na seleção
O desempenho de Batistuta com a camisa do Boca foi crucial para que a Fiorentina, da Itália, levasse o craque para a bota em 1991. Antes disso, o jogador ajudou a Argentina a conquistar o título da Copa América marcando seis gols. Cada vez mais talentoso e crescendo muito profissionalmente e tecnicamente, Batistuta tinha a grande chance da carreira no maior palco do futebol: a Europa. Mas, diferente do que ele poderia imaginar, o estrelato teria muitos desafios.
Em sua primeira temporada pela Viola, Batistuta logo mostrou seu faro de artilheiro no defensivo e difícil Calcio marcando 13 gols. Na temporada seguinte, anotou 16 gols que não foram suficientes para ajudar a equipe a escapar do rebaixamento, sendo um dos poucos a ficar com a imagem intacta diante da queda. Paralelo às partidas do italiano, o jogador continuava a brilhar pela seleção, conquistando a Copa das Confederações de 1992 e mais uma Copa América, em 1993 (com Batigol marcando os dois gols da vitória sobre o México, na final). Na temporada 1993-1994, o atacante anotou mais 16 gols na Serie B e deu à Fiorentina o título e a vaga na primeira divisão de 1994-1995. Mesmo assediado por vários clubes, Batistuta era devoto de Florença e negou todas as propostas, despertando a idolatria instantânea da apaixonada torcida da equipe.
A primeira Copa
Estrela, famoso e matador, Batistuta levou a Argentina para a Copa do Mundo de 1994 graças a um gol meio sem querer que deu a vitória por 1 a 0 diante da Austrália, na primeira partida da repescagem. Em Sydney, o empate em 1 a 1 classificou os portenhos para o Mundial dos EUA. Na terra do Tio Sam, Batistuta tinha ao seu lado vários craques como Redondo, Caniggia e Maradona. Logo na estreia, Batigol deu show e marcou um hat trick na vitória por 4 a 0 sobre a Grécia. No jogo seguinte, mais uma vitória, por 2 a 1 sobre a Nigéria e derrota na partida derradeira do grupo contra a Bulgária por 2 a 0. No jogo contra a Nigéria, o craque Maradona foi pego no exame antidoping e não pôde mais jogar o Mundial. A ausência do maior ídolo argentino mexeu com os jogadores e causou a eliminação da equipe diante da Romênia, nas oitavas de final, por 3 a 2 (com um gol de pênalti de Batistuta). Era o fim do sonho do tri e da Copa para Batistuta, que deixou o mundial com quatro gols marcados e a Chuteira de Bronze como terceiro maior artilheiro.
Rei de Florença
Depois do Mundial e da volta da Fiorentina à primeira divisão, Batistuta continuou com seu apetite por gols e foi simplesmente um estrondo na temporada 1994-1995, quando marcou 26 tentos e conseguiu emendar 11 partidas seguidas marcando ao menos um gol, carregando a Viola nas costas, praticamente. Nessa temporada, Batistuta imortalizou suas comemorações rentes à bandeirinha de escanteio com muita alegria e entusiasmo. Mesmo com seu grande desempenho, o argentino foi vítima do fraco plantel da equipe e viu a Fiorentina ficar apenas na décima colocação do torneio (vencido pela Juventus). Na temporada seguinte, Batistuta conseguiu, enfim, ser campeão de um grande torneio com a equipe de Florença. O craque foi fundamental com oito gols marcados na campanha do título da Copa da Itália de 1995-1996, principalmente nas semifinais, quando marcou três gols em cima da Internazionale, e na decisão contra a Atalanta, quando marcou o gol da vitória por 1 a 0 no primeiro jogo, em Florença, e mais um nos 2 a 0 na volta, em Bergamo. A festa foi enorme na cidade e o jogador se consagrava de vez como um mito para os torcedores, além de dar ao time uma vaga na Recopa Europeia de 1996-1997. No Campeonato Italiano, Batistuta marcou 19 gols e ajudou a equipe a ficar na quarta colocação, mas ainda sim 14 pontos longe do campeão Milan.
Pela seleção, Batistuta conquistou mais artilharias: na Copa América de 1995 (cinco gols, mas eliminação para o Brasil nas semifinais) e na história da seleção argentina, quando se tornou o maior artilheiro da equipe em 1996, chegando aos 35 gols e superando ninguém mais ninguém menos que Maradona, num empate em 1 a 1 contra o Paraguai pelas eliminatórias da Copa.
Ainda em 1996, o craque coroou um ano mágico destruindo a temida zaga do Milan de Baresi da época com dois gols na vitória por 2 a 1 em pleno San Siro pela final da Supercopa da Itália, dando o caneco à Fiorentina. Aquela foi sem dúvida a melhor temporada do craque com a camisa da Fiorentina, um ano em que ele marcou gols mágicos, cravou seu nome na lista dos maiores jogadores do mundo e ganhou até uma estátua em Florença quando chegou a sua 101ª partida na Serie A, na vitória por 2 a 0 sobre a Lazio, com dois gols dele.
Outra vez o algoz Passarella
Na temporada 1996-1997, Batistuta continuou a marcar gols e manter sua sina decisiva. No Campeonato Italiano, 12 gols e a nona colocação para a Fiorentina. Na Recopa da UEFA, o craque conduziu o time até as semifinais, com destaque para seus quatro gols, sendo um deles o do empate em 1 a 1 da Fiorentina contra o Barcelona-ESP na primeira partida, no Camp Nou. Nesse jogo, Batistuta levou um cartão amarelo que o tirou da partida decisiva, em Florença. Sua ausência foi crucial para que o Barcelona vencesse a partida de volta por 2 a 0 – mais tarde, os espanhóis ficariam com o título derrotando o PSG-FRA por 1 a 0 (gol de Ronaldo).
Em 1997-1998, Batistuta vivia a expectativa de mais uma Copa do Mundo e de tentar mais algum título com sua equipe. Pela seleção, o jogador ficou ausente de vários jogos das eliminatórias por causa de Daniel Passarella, que teimava não convocar jogadores que ostentassem longas cabeleiras (o que acabou vitimando craques como Redondo e Caniggia, por exemplo). Batistuta refutou muito, mas às vésperas do Mundial, decidiu “aparar” as madeixas apenas para ter a chance de ir para a França, o que acabou acontecendo. Na Fiorentina, o jogador marcou 21 gols e ficou na quarta colocação na lista de artilheiros da Serie A, onde a Viola acabou na quinta posição. Naquela temporada, o argentino fez grandes duplas de ataque com Oliveira (brasileiro naturalizado belga) e Edmundo, este último não tão constante por causa de seu temperamento explosivo. Batistuta estava no auge, valorizado, decisivo e só perdendo em valores de mercado para o brasileiro Ronaldo, que era 500 mil dólares mais caro que o argentino – que valia US$ 30 milhões.
Nova Copa, nova decepção
Na Copa do Mundo de 1998, Batistuta foi outra vez o craque do selecionado portenho. Na estreia, contra o Japão, foi dele o gol da vitória por 1 a 0. Na partida seguinte, o atacante conseguiu seu segundo hat trick num Mundial, nos 5 a 0 sobre a Jamaica. Na última partida da fase de grupos, Pineda fez o gol da vitória argentina sobre a Croácia por 1 a 0. Nas oitavas de final, Batistuta fez seu quinto gol na Copa, de pênalti, nos 2 a 2 contra a Inglaterra, num jogaço. Na decisão por pênaltis, o craque não bateu, mas a Argentina venceu por 4 a 3. Nas quartas de final, duelo eletrizante contra a Holanda. Batistuta bem que tentou, acertou a trave, mas a Argentina perdeu por 2 a 1, com um gol(aço) de Bergkamp aos 44´do segundo tempo. O esquema defensivo armado pelo técnico Passarella prejudicou demais a atuação do craque naquele jogo e ele via mais uma vez o sonho de levantar um título mundial ruir, justamente na Copa onde ele mais jogou bem. Será que o craque teria forças para disputar o torneio em 2002?
O adeus à Florença
Depois da Copa, Batistuta começou a ter várias lesões por conta dos ferrenhos zagueiros e se submeteu a infiltrações no joelho para conseguir jogar, ficando alguns meses da temporada 1998-1999 sem jogar. Mesmo assim, o craque (que adotou a comemoração de matador naquele ano, simulando portar uma metralhadora) seguiu irresistível e marcou 21 gols, sendo o vice-artilheiro, um gol a menos que o brasileiro Amoroso, da Udinese. O craque ficou, também, entre os três melhores jogadores do mundo em 1999, perdendo a eleição da FIFA para Rivaldo (1º) e Beckham (2º). A Fiorentina ficou boa parte da competição na liderança, mas perdeu força no final e ficou na terceira colocação, atrás de Lazio e Milan (o campeão). Batistuta ficou muito orgulhoso com aquele que foi o melhor desempenho da equipe desde 1991, o ano de sua chegada. A campanha deu à Viola uma vaga para a Liga dos Campeões da UEFA de 1999-2000, onde por muito pouco a equipe não alcançou as quartas de final do torneio, com Batistuta marcando seis gols. Em 2000, já veterano, o craque aceitou uma proposta da Roma e deixou a Fiorentina depois de quase uma década. A torcida sentiu demais a saída de seu maior ídolo e artilheiro. O craque se despediu como vice-artilheiro da Serie A daquele ano com 23 gols, um a menos que Shevchenko. Com muita dor no coração, o craque partiu para a Cidade Eterna, onde ele também ganharia o status de eterno.
Enfim, o Scudetto
Demorou, mas exatamente em sua décima temporada na Itália Batistuta pôde comemorar, enfim, um título do Campeonato Italiano. O craque foi o artilheiro da Roma na Serie A de 2000-2001 com 20 gols e ajudou a equipe a levantar o caneco depois de 18 anos, desde a geração de Falcão, Conti e Di Bartolomei. O título veio exatamente um ano após a Lazio, maior rival da Roma, ter vencido o caneco nacional e igualado a equipe em número de títulos (dois). Com a taça de 2001, a Roma passou os celestes e ficou mais aliviada. Na campanha, Batistuta teve atuações memoráveis, como os dois gols na goleada por 4 a 0 sobre a Internazionale – em pleno estádio Giuseppe Meazza – e o gol marcado na vitória sobre a Fiorentina por 1 a 0, partida em que ele chorou por marcar contra sua querida Viola. Também em 2001, Batistuta reencontrou a Fiorentina na final da Supercopa da Itália, quando a Roma venceu por 3 a 0 (gols de Montella, Candela e Totti) e ficou com o título.
Perto do fim e a última Copa
Na temporada 2001-2002, Batistuta achou que sua Roma venceria o bicampeonato italiano, mas a equipe perdeu por um ponto o título, que ficou com a Juventus. Batistuta sofreu demais nessa temporada mais uma vez com seus joelhos, que o tiraram de várias partidas da equipe, reflexo direto de seu baixíssimo número de gols – seis. Em entrevista à revista France Football, em 2012, Batistuta comentou sobre esses problemas:
“Eu fiz muitas (infiltrações), mas sempre joguei. Em uma temporada de 70 partidas, estava em 65 delas. E sempre dei o máximo. Tinha dificuldade em aceitar que eu precisava me sentar quando estava machucado. Se eu pudesse voltar no tempo talvez teria sido mais cuidadoso comigo”. Batistuta, em entrevista à revista France Football.
Pela seleção, Batigol foi bem em algumas partidas das eliminatórias e voltou a figurar entre os convocados para a Copa do Mundo de 2002, na Coreia do Sul e Japão. Os argentinos caíram no chamado “Grupo da Morte”, ao lado de Inglaterra, Suécia e Nigéria. Na estreia, Batistuta marcou seu 10º gol em Copas e deu a vitória por 1 a 0 sobre a Nigéria. Na sequência, derrota por 1 a 0 para a Inglaterra. Na última partida, só a vitória interessava aos portenhos. Mas ela não veio, e o jogo terminou em 1 a 1 (gol de Crespo) com a Argentina eliminada ainda na primeira fase. Terminava ali, do outro lado do mundo, a carreira de Batistuta pela seleção argentina, 78 jogos e 56 gols depois, um recorde que permanece intacto até hoje.
O adeus de uma lenda
Depois de disputar mais uma temporada na Itália e até vestir a camisa da Internazionale, em 2003, Batistuta foi atrás dos “petrodólares” do Catar e disputou a Liga local pelo Al Arabi. Por lá, o craque jogou em ritmo de treino e brilhou intensamente, claro, ajudando seu clube a conquistar a liga nacional em 2004. Em 2005, Batistuta decidiu encerrar sua brilhante, porém pouco laureada, carreira. Muitos dizem que o craque foi azarado por não ter conseguido jogar em grandes clubes ou por não ostentar grandes títulos. Mas Batistuta foi um dos maiores exemplos de lealdade a um clube (Fiorentina) ao dizer “não” a grandes potências em prol de uma torcida, de um ideal, com ele mesmo disse em entrevista à France Football:
“Se jogasse pelo Barcelona ou Manchester United com certeza eu teria vencido uma Bola de Ouro, por exemplo, mas fiz questão de continuar na Fiorentina. Poderia ter feito mais gols e conquistado o Campeonato Espanhol ou o Inglês, mas queria fazer história com um time menor”. Batistuta, em entrevista à France Football.
Mesmo jogando num clube sem grandes nomes e sem força para competir com os maiores da época, Batistuta conseguiu marcar mais gols que muitas estrelas mundiais e botar medo, sozinho, em titãs como Milan, Inter, Juventus, Barcelona e Cia. Depois de pendurar as chuteiras, o argentino passou a se dedicar ao Polo, uma de suas paixões, e a assuntos burocráticos do futebol, como ser dirigente do Colón, da Argentina. Com carisma, paixão e raça, Batistuta foi, sem dúvida alguma, um dos maiores atacantes da história do futebol mundial e um dos principais dos anos 90. Um craque imortal.
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